No alto do cânion, duas silhuetas cambaleavam até a beira do paredão. Cecile e Jully pararam, ofegantes, as mãos raladas agarradas à pedra quente. Lá embaixo, entre as fendas, algo tinha mudado, poeira recém-assentada, um risco mais claro na parede, a impressão de pegadas que não eram do vento. Um rastro, pequeno, sutil, mas ali.
— Você viu isso? — Jully sussurrou, a voz falhando. — E se forem… raposas?
Cecile soltou um meio riso cansado, que doeu no rosto marcado.
— Raposa não existem mais, não como antes pelo menos.
— Eu nunca vi uma — Jully confessou, encolhendo os ombros, os olhos arregalados. — Só ouvi história de gente que muda de pele igual lobo, mas menor… mais traiçoeiro. Minha mãe falava que elas eram más e que matavam lobos.
— Lobos matam lobos o tempo inteiro, lembra? Elas eram como a gente — Cecile respondeu, o olhar varrendo as fendas, atenta a qualquer brilho de metal, qualquer respiração errada. — Mas o número caiu faz tempo. Dizem que foram extintas na última guerra g