Os dias seguintes foram de intensa movimentação na Fundação Bragança de Esperança. A equipe ainda se adaptava à rotina com os jovens, e os programas estavam em fase de ajustes, mas o clima era de entusiasmo. O sentimento de que estavam, de fato, construindo algo transformador pairava no ar como perfume de flores recém-plantadas.
Luna passava boa parte de seu tempo ali, dividida entre reuniões administrativas, visitas aos setores e conversas com os jovens. Ela fazia questão de almoçar com eles no refeitório sempre que possível, não como uma líder inatingível, mas como alguém que conhecia a realidade de perto.
Em uma dessas tardes, sentou-se ao lado de Milena, uma garota de dezesseis anos, introspectiva e observadora.
— Posso? — perguntou Luna, apontando o lugar ao lado.
Milena deu de ombros, sem levantar os olhos do prato. Luna sentou-se em silêncio, respeitando o espaço da jovem.
Alguns minutos depois, Milena murmurou:
— A comida aqui é boa.
Luna sorriu. Era um começo.
— A cozinheira