Recomeçar Sozinha, Florescer Novamente
Recomeçar Sozinha, Florescer Novamente
Por: Rosana
Capítulo 1
Irene sentiu como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés. O sorriso morreu em seus lábios, dando lugar a uma palidez mortal. Recusando-se a acreditar no absurdo que acabara de ouvir, ela deu um passo trêmulo à frente e espiou pela fresta da porta, rezando para que fosse uma alucinação.

O que viu despedaçou sua realidade.

Sentado ao lado de Adriano, havia outro homem. Era uma cópia perfeita, desde os traços aristocráticos até o corte de cabelo; até mesmo a pequena pinta no canto do olho era igual. Aquele segundo homem, o irmão gêmeo, soltou um riso de escárnio e se recostou no sofá com uma postura preguiçosa.

— Quem mandou ela intimidar a Alana? — Disse o gêmeo, com desprezo. — A Alana é a protegida do meu irmão, a menina dos olhos dele. Para punir a Irene e fazer com que ela despenque do céu direto para o inferno no momento mais feliz da vida, meu irmão teve um trabalho e tanto.

Ao redor deles, os amigos que costumavam chamá-la carinhosamente de "Sra. Tavares" agora participavam da zombaria, lançando comentários cruéis como se ela fosse apenas um objeto de aposta.

— Mário, o trabalho duro foi todo seu! Nesses últimos anos, foi você quem fez o serviço braçal! — Gritou um deles, arrancando gargalhadas do grupo.

— Hahaha, se eu não tivesse uma cara diferente, juro que queria assumir esse "trabalho braçal" também! — Completou outro. — Pois é... A Irene tem um rosto lindo e aquele corpo... Se ela ficar louca depois do casamento, bem que podia sobrar para gente brincar um pouco, né?

— O Adriano é um santo, isso sim. Bolou esse plano todo pela Alana, sustentou a atuação por três anos e ainda se manteve casto esse tempo todo. É um verdadeiro mártir do amor!

Os nomes ecoavam na mente de Irene como sentenças de morte: Adriano Tavares, Mário Tavares, Alana Ribeiro.

Sua cabeça zumbia, o ar parecia rarefeito e seu corpo tremia sem controle. Lágrimas quentes escorriam de seus olhos arregalados, que ardiam em um tom escarlate de dor e choque. Aquele amor, que ela acreditava ser a base sólida de sua vida, não passava de uma farsa grotesca, uma armadilha cruel montada para vingar Alana, a verdadeira agressora de seu passado.

A ironia era amarga demais e sufocante. Quantas vezes ela não acordou de pesadelos causados por Alana, apenas para ser consolada nos braços de quem ela pensava ser Adriano? Quantas vezes ele sussurrou para ela não ter medo? Quantas vezes ela desabafou sobre o bullying que sofreu, e ele a acalmou com paciência, levando-a a consultas com psicólogos? Irene não conseguia conciliar as memórias de ternura com a brutalidade daquelas palavras. Como aqueles momentos tão vívidos poderiam ser falsos?

A conversa no camarote continuava, indiferente à presença dela do lado de fora.

— A Alana já está voltando para o país, então você finalmente vai poder parar com essa vida de ponte aérea, Adriano. Não sei como você não cansou de viajar toda semana!

— Finalmente acabou esse teatro! Vou poder voltar a ser eu mesmo. — Exclamou Mário, espreguiçando-se. — Toda vez que meu irmão viajava para o exterior, sobrava para mim a tarefa de ir lá consolar a Irene...

— Mas as vozes de vocês são diferentes, ela nunca percebeu nada? — Indagou um rapaz curioso.

Mário soltou uma risada debochada, balançando o copo de uísque.

— Aquela mulher é uma idiota. Eu forçava a voz para ficar mais rouca e dizia que estava com faringite crônica. E ela? Acreditava em tudo. Ficava cheia de cuidados, acordava de madrugada para fazer chá e sopa para minha garganta!

Uma nova onda de gargalhadas estremeceu o ambiente, mas foi interrompida pela voz grave de Adriano.

— Chega. Assim que o casamento acabar, vou dar a ela uma quantia generosa como compensação. Será o suficiente para ela viver sem preocupações pelo resto da vida.

— Adriano, não me diga que você ficou com pena? — Provocou um dos amigos.

O coração de Irene falhou uma batida. Ela prendeu a respiração, os olhos fixos na figura daquele homem que amava, esperando, talvez, um resquício de humanidade. Dois segundos de silêncio se passaram até que ele soltou um riso anasalado, cheio de desprezo.

— Como isso seria possível?

— E o Mário? Afinal, você dormiu com ela por três anos, não criou nenhum sentimento?

Adriano virou o rosto para encarar o irmão. Mário balançou a cabeça vigorosamente, fazendo uma careta de enfado.

— Três anos... eu já enjoei faz tempo. Adriano, se quiser assumir, é toda sua.

O olhar de Adriano escureceu e ele sorriu com uma frieza que cortou a alma de Irene.

— Tenho nojo. — Ele tomou um gole longo de sua bebida e continuou, impassível. — Enfim, foi ela quem implorou por esse casamento. O dinheiro é apenas uma precaução para garantir que ela não venha rastejar atrás de mim quando tudo acabar.

Ele endireitou o corpo no sofá, assumindo um tom prático e autoritário ao se dirigir ao grupo, já focado na próxima etapa do seu plano:

— O tempo é curto, então preciso que vocês se mobilizem e me ajudem com os preparativos finais. Daqui a uma semana, quero que seja inesquecível. Logo após revelar a verdade e tirar a máscara, vou pedir a Alana em casamento ali mesmo!
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