A chuva caía sobre Raventon como se os céus estivessem tentando lavar pecados antigos. Raios cortavam o céu, e trovões faziam as paredes tremerem. Era uma noite elétrica — daquelas em que o controle desaparece e os segredos ganham voz.
Brianna correu pela floresta, a capa negra colada ao corpo encharcado. Precisava se afastar. Do beijo de Klaus. Do olhar dele. Das verdades que carregava. Mas, acima de tudo, precisava fugir de si mesma. De como seu corpo havia respondido àquele toque frio, àquele sabor de perigo. Mas ela não conseguiu ir muito longe. Ele já estava lá. Peter. Na forma humana, encharcado, a camiseta colada ao peito largo, o cabelo escuro pingando. O peito arfava, e os olhos... dourados como fogo líquido. — Você esteve com ele. — Não era uma pergunta. — Eu não sou sua, Peter. — A resposta veio afiada, mas havia tremor nela. — Nunca disse que seria. Ele avançou um passo. A respiração dele era mais forte que o vento. — Mas quer ser. O trovão estourou como se validasse aquelas palavras. — Você está marcado com magia, cheiro de sangue... e desejo. — Peter chegou mais perto, a voz grave. — E eu sinto isso. Sinto você por dentro. Como se já fosse parte de mim. Brianna estremeceu. — Isso é o lobo falando. — E o homem... quer mais ainda. Ele encostou-a contra uma árvore, sem força, mas com firmeza. Os olhos dela buscavam os dele. Havia raiva ali. Havia dor. Mas havia fome. Tanta fome que queimava. — Você não sabe o que está fazendo... — ela sussurrou, a boca quase tocando a dele. — Sei. — Os dedos dele deslizaram pela cintura dela. — Estou escolhendo parar de resistir. O beijo aconteceu como uma tempestade interna explodindo. Não havia sutileza. Não havia lentidão. Apenas urgência. Línguas se encontrando, dentes se tocando, mãos agarrando com fome. Ela o arranhou. Ele gemeu. O gosto de cada um parecia mais necessário que o ar. Peter a ergueu com facilidade, fazendo com que ela enroscasse as pernas ao redor de sua cintura. O tronco da árvore arranhava suas costas, mas Brianna não ligava. Porque os dedos dele estavam sob sua saia, puxando a calcinha encharcada, e a boca dele estava presa em seu pescoço, onde o pulso mágico batia mais forte. — Diga que é minha. — Ele mordeu levemente, sem romper a pele. — Eu... não posso... — ela arfou. — Pode. — Ele a penetrou com um movimento só, bruto, selvagem. — Porque você já é. Ela gritou, e a floresta respondeu com trovões. Cada estocada era profunda, cheia de raiva e paixão acumuladas. Os corpos se chocavam em ritmo primal, como dois elementos tentando se fundir. Ele a tomava como se precisasse dela para não enlouquecer. Ela o recebia como se fosse sua única salvação. A magia dela explodiu no ar como faíscas azuis e roxas. As marcas em seu corpo brilharam, e os olhos de Peter se tornaram totalmente dourados. A besta dentro dele uivava... por ela. Quando vieram juntos, o mundo pareceu estremecer. Ela caiu em seus braços, ofegante, suada, com a pele febril. Ele a abraçou apertado, como se quisesse protegê-la de tudo — inclusive dele mesmo. Mas uma sombra os observava de longe. Klaus. Seus olhos vermelhos ardiam como carvões sob a chuva. E sua boca, manchada de sangue fresco, se curvava em um sorriso. — Isso está ficando divertido.