Rafaella aprendeu a sorrir. Não com o rosto, mas com os olhos. Um olhar leve, treinado, domesticado — que escondia o turbilhão sob a superfície.
Desde que decidiu fugir, seu plano dependia de saber mais do que diziam. Precisava testar, observar, medir cada detalhe.
E assim o fez.
Nos dias que seguiram a partida de Izadora, ela começou a executar pequenos testes ao redor da fazenda. Primeiramente, deixou a porta dos fundos do galpão aberta por exatos quinze minutos antes que um dos seguranças percebesse. Em outro dia, fingiu esquecer o caminho para o atalho entre o jardim e o lago, onde sabia que não havia câmeras, e demorou quarenta e dois minutos até alguém procurá-la.
Dália, cúmplice silenciosa, observava em silêncio. Sabia que Rafaella não fazia nada por acaso.
— Não provoque demais, menina. Cão acuado morde mais forte — sussurrou certa manhã, ao encontrar Rafaella examinando as trancas da janela do porão.
Mas o perigo não estava só nos olhos atentos dos guardas. Estava dentro da c