Na trilha, o som dos passos sobre a terra úmida era engolido pelas copas densas das árvores. O sol da tarde se infiltrava entre os galhos em feixes dourados e breves. O ar ali parecia mais denso, carregado de intenções não ditas.
Narelle chegou primeiro.
Usava calça preta justa, botas de couro e uma camisa leve, aberta o suficiente para deixar escapar o calor — e provocar a ilusão de descuido. Mas cada movimento dela era estratégia.
Afastou uma folha grossa do caminho e se posicionou de costas para a entrada da trilha. Não esperaria sentada. Ele viria. E ela queria vê-lo chegar.
Demorou, mas ela sentiu. O cheiro metálico do sangue antigo. A tensão que vibrava no ar, como antes da tempestade.
Rhaek surgiu por entre os galhos, a barba por fazer, o olhar escuro. Estava sem casaco, o peito largo marcado pela camisa colada ao suor, o cheiro de floresta misturado ao dele. Parou a poucos metros.
— Você veio — ela disse, sem sorrir.
— Você sabia que eu viria — respondeu ele, com a voz grave,