Narelle estava sentada no sofá largo da sala principal, o corpo enrolado em uma manta fina, os olhos perdidos na lareira acesa apesar da tarde morna. O som leve do fogo estalando se confundia com o riso abafado do menino, do outro lado da casa. Ele brincava no tapete da brinquedoteca com seus carrinhos de madeira e uma nave prateada que Kael lhe dera.
Mas ela não ouvia os brinquedos. O que ouvia era o próprio coração, batendo com a lembrança das mãos de Rhaek, da boca, do olhar escuro — e do que ela sentiu depois. Porque ali, no meio da floresta, não foi só desejo. Nem só culpa. Foi algo que latejava em um lugar profundo, onde nem a razão nem o poder conseguiam entrar. Um amor não admitido, um ódio que ainda ardia.
E acima disso... havia o menino.
Ela fechou os olhos por um instante, pressionando a manta contra o peito. Pensar em Rhaek era um veneno que acendia nela a sede antiga. Mas pensar no filho era a cura. Bastava ouvir seu riso, sua voz fina chamando uma das babás — e tudo n