ALEXANDER HAMPTON
A paciência é uma virtude que cultivei ao longo de anos torrando café. É preciso esperar o grão atingir a cor exata, o cheiro exato, o estalo exato. Um segundo antes, está cru. Um segundo depois, queimado. Mas a minha paciência com aquele projeto de ser humano banhado a ouro e arrogância tinha acabado de passar do ponto de queima. Tornou-se cinzas.
"Relembrar os velhos tempos."
A frase repetiu na minha cabeça, misturada com a batida grave da música eletrônica, tingindo minha visão de vermelho.
Levantei do sofá de veludo num movimento rápido. Não houve hesitação, não houve cálculo de consequências. Minha mão direita disparou e agarrou a gola da camisa social daquele mauricinho. O tecido era caro, seda ou algodão egípcio de alta contagem, mas amassou sob meus dedos como papel barato.
Puxei-o para frente, tirando-o do eixo, fazendo o uísque do copo dele espirrar no chão e em seus sapatos.
— Ei! — ele protestou, os olhos arregalados de surpresa e a arrogância vacilando p