ALEXANDER HAMPTON
Eu gostaria de deixar registrado, para a posteridade e para qualquer advogado que esteja ouvindo caso eu venha a falecer nas próximas horas, que eu amo a minha esposa. Eu a amo com uma intensidade que desafia a lógica, a razão e, aparentemente, o instinto básico de autopreservação.
Porque não existe outra explicação plausível para eu estar aqui.
Paris parecia um delírio febril distante agora. Aqui, a realidade era feita de poeira. Muita poeira. Poeira que entrava no nariz, na boca, nos olhos e se instalava nos pulmões, que já estavam trabalhando com 50% da capacidade devido à altitude ridícula.
Estamos no quilômetro dez, ou talvez seja o mil, perdi a noção do tempo e do espaço, mas estamos no primeiro dia da Trilha Inca.
Parei, apoiando as mãos nos joelhos, tentando puxar o ar que simplesmente não existia. Meus pulmões queimavam como se eu tivesse engolido brasas. O coração batia nos ouvidos, um tambor frenético gritando: "O que você está fazendo, seu id