O sol daquela manhã brilhou tímido sobre Vila Nova, mas para Alexia parecia mais radiante do que nos últimos meses. Diante do espelho do quarto de infância, ela ajeitou o vestido azul-marinho de corte sóbrio, o cabelo preso num coque elegante, e passou um batom discreto. Fazia tempo que não se via assim, firme, composta, com ares de quem voltava a ocupar o seu lugar no mundo.
Helena surgiu à porta, os braços cruzados. — Vai sair?
— Vou. — Alexia respondeu, sem desviar o olhar do espelho. — Hoje volto à Norabel Jóias. Já passou da hora.
A mãe entrou, a expressão carregada. — Não gosto dessa ideia, Alexia. Você sabe como a cidade fala. Mal cicatrizou as feridas e já vai se expor outra vez?
Fernando, que ouvia da sala, ergueu a voz: — Tua mãe tem razão. O povo da cidade é cruel. Vão te apontar, te julgar, as pessoas ainda não se esqueceram do escândalo na praça.
Clara apareceu logo atrás, reforçando: — Por que se meter nisso agora? Você tem a Norabel Jóias, sim, mas também tem uma filha