A manhã nasceu pesada sobre Vila Nova, com nuvens espessas escondendo o sol. Na varanda da casa dos Chávez, Alexia observava Norabel brincar com um cachorrinho que Clara havia resgatado da rua. A menina ria, inocente, mas o coração da mãe estava apertado. Desde a semana passada, notava coisas estranhas — um carro parado na rua em horários diferentes, um homem lendo jornal por tempo demais na esquina, a sensação incômoda de ser seguida quando ia ao mercado.
— Está preocupada outra vez? — Helena surgiu atrás dela, trazendo uma xícara de chá quente. — Desde que voltou da clínica, você vive com esse olhar de quem espera uma tragédia.
Alexia recebeu a xícara com as mãos trêmulas. — Não é paranoia, mãe. Sei que o Vicente não desistiu. Ele disse… nos olhos dele, eu vi.
Helena suspirou, acariciando-lhe o ombro. — Eu também vi. Mas não podemos deixar o medo governar a casa. Norabel percebe tudo.
A menina correu até elas, exibindo um desenho de lápis de cor. — Olha, mamãe, olha vovó! É a gente