O escritório de Vicente estava mergulhado numa penumbra cálida, iluminado apenas pelo abajur que derramava um círculo amarelado sobre os papéis. O copo de uísque girava entre os dedos, somando segundos a uma insônia que já durava dias.
Desde que Alexia partira com Norabel, o vazio em sua casa parecia ter assumido lugar de comando: nenhum recado, nenhuma resposta, apenas o eco das perguntas que ele não sabia mais como silenciar.
A porta abriu-se sem cerimônia. Martina entrou com passos calculados, o vestido impecável e o semblante que sempre escondia camadas de intenções. Vicente não se surpreendeu, a presença dela tinha o mesmo efeito de um alerta: informação vinha junto ao perfume e ao sorriso frio.
— Pensei que fosse tarde demais para visitas. — Disse ele, fingindo indiferença.
Martina sorriu, sem pressa. — Vim com uma notícia. Algo que vai te interessar.
Ele a fitou, desejando que a notícia trouxesse soluções e não mais complicações. — Fala.
Ela aproximou‑se, apoiando as mãos na bo