A manhã seguinte ao escândalo da praça não trouxe alívio para Vicente. Ele estava no escritório de casa quando o celular vibrou com uma mensagem curta do pai: “Venha agora.”
Não havia espaço para recusas.
Meia hora depois, ele cruzou o saguão lustroso da mansão Monteiro. Aurélio o aguardava de pé, junto à lareira apagada, e Mariana estava sentada no sofá, postura irretocável, um jornal dobrado no colo. As manchetes locais murmuravam o que Vila Nova já sabia.
— Quer explicar o que foi aquilo ontem? — Perguntou Aurélio, sem rodeios.
— Eu defendi a minha família. — Respondeu Vicente, abrindo as mãos num gesto controlado.
— Você armou um espetáculo. — Cortou Mariana, o olhar frio. — Em público. Com o Joaquim presente. A imprensa vive de espetáculo, mas a nossa família não.
— A imprensa já está explorando. — Continuou Aurélio. — Patrocinadores, conselhos, gente que nos deve favores… todos observam. E não gostam do que veem.
— Estão exagerando. — Disse Vicente, sustentando o queixo.
— Estam