Isabel encarava o espelho, o vestido de festa parecendo um fardo pesado. O brilho nos olhos não era de antecipação, mas de uma apreensão crescente. Era o aniversário de seu pai, Victor, aquele homem cujo calculismo e egoísmo eram tão afiados quanto as lâminas mais finas, e que nunca havia se preocupado em construir uma relação genuína com a filha. Desde a morte de sua mãe, que nunca foi genuinamente feliz, nas poucas memórias de Isabel, os dois não era próximos ou possuiam algum tipo de relação. Sempre parecia uma transação entre eles. Foi ele, afinal, quem orquestrou esse casamento com Patrick, transformando a união em um mero acordo de negócios, distante de qualquer romance ou afeto. Isabel não queria ir. A ideia de enfrentar aquele ambiente, as lembranças dolorosas que ele evocava, apertava seu peito. No entanto, sua madrasta havia sido implacável nas últimas horas, pressionando-a com insistência até que ela cedesse.
A cada ano, nos últimos dois anos, a cena era a mesma: Isabel c