Selene
A fortaleza estava em silêncio quando saí do quarto. O corredor respirava frio. Tochas baixas, pedra úmida, um guardinha cochilando encostado na lança. Passei devagar para não acordá-lo. Não era insônia, era inquietação. O dia tinha sido pesado e, mesmo assim, eu sentia mais peso à noite. Talvez porque a noite não esconde nada aqui dentro.
Subi as escadas estreitas da torre. Cada degrau tinha uma marca, um sulco de uso antigo. O vento entrou por uma janela sem vidro e levantou meus cabelos. Eu já sabia onde ele estaria. Damon sempre escolhia lugares altos quando precisava calar o próprio barulho.
Eu o encontrei de costas, no balcão de pedra, olhando o escuro. As mãos apoiadas na borda, cabeça levemente abaixada, como quem escuta a própria respiração para manter o corpo no lugar. O manto tremia com o vento. Quando me aproximei, ele não virou de imediato. Só depois de dois passos meus.
— Você anda leve demais para esta hora, lobinha. — disse, baixo — Quase não te ouvi.
— Aprendi