Selene
Nara me encontrou no pequeno cômodo das ervas, onde as paredes antigas guardam o cheiro da terra mesmo quando não chove há dias. Trazia o rosto sério e os dedos fechados ao redor de algo pequeno, embrulhado em um pedaço de linho escuro. O passo dela era de quem atravessa uma ponte sobre um abismo, sem olhar para baixo.
— Milady. — ela disse, num sussurro que o vento não roubaria — Trouxe o que me pediram que eu pusesse nas suas mãos… e só nas suas mãos.
Tomei o embrulho com cuidado. O linho estava morno, como se tivesse saído debaixo da pele de alguém. Desatei o nó com o coração acelerado. Dentro, havia um círculo de ferro antigo, leve e irregular, forjado sem vaidade, um anel de marca com a lua deitada, cortada por três riscos, a insígnia da minha casa antes de Kaleb transformar brasas em cinzas.
O mundo afunilou no objeto. Toquei a lua com a ponta do dedo. Era áspera, como se guardasse uivos dentro.
— Quem o trouxe? — perguntei, sem erguer os olhos.
— Um velho que não sorri h