Damon
A noite tem sons que não pertencem ao mundo dos mortais. Há o ranger da madeira que exala, o estalo da pedra que se lembra de ter sido montanha, o sussurro do vento que aprendeu a falar por entre ameias.
E há outro som, que só eu e Damian escutamos, o zumbido fino de uma corda invisível esticada entre dois peitos. Quando um respira fora do compasso, a corda vibra e dói.
Eu a ouvi agora, aguda, insistente, enquanto caminhava pelo corredor em espiral que leva à torre. Tochas presas por grampos de ferro soltam um cheiro áspero.
O couro dos meus braceletes esfrega no pulso, a pele reclama de um cansaço que não confessa. Shadow, meu lobo, acompanha meus passos por dentro, pesando a pata em cada degrau.
— “A corda puxa.” — ele rosnou, baixo — “O irmão está longe do centro.”
— Eu sei. — O pensamento veio mais áspero que o braseiro — Ele patrulha o portão sul desde o amanhecer. O conselho pediu presença. O reino pediu a cara do rei.
— “E você finge que não sente falta do equilíbrio po