Damian
Voltei ao meio-dia. A febre havia cedido o bastante para que ela se mantivesse sentada sem tremer. O cabelo, ainda úmido, caía em ondas bagunçadas sobre os ombros. Havia pálpebras pesadas e olhar claro, combinação que sempre me interessou mais do que qualquer joia.
— Melhor? — perguntei, encostando a espada no aparador.
Eu sempre encostava a lâmina onde pudesse alcançar sem pensar, hábito de Reis que já perderam gente demais.
— Melhor. — ela assentiu — Condicionalmente.
— Condicionalmente?
— Condicionada ao fato de que ainda não sei se você vai me trancar ou me matar quando eu disser quem realmente sou.
— Diga quem é, então, para que eu decida o que não vou fazer. — respondi, seco. Eu não gostava de tangenciar com medo, preferia atravessá-lo.
Ela respirou fundo. As mãos, pequenas e cortadas, apertaram a manta.
— Sou Selene, filha de Eamon, Rei do Luar. — Pausa — Ou o que sobrou disso.
As paredes ouviram antes de mim. O nome de Eamon ainda vivia nas pedras da fronteira, nem tod