Selene
Os dias dentro da fortaleza de Kaleb não passavam, arrastavam correntes. Eles me tiraram da pequena cela para outro ambiente. Cada amanhecer tinha o gosto de ferro das lâminas que mataram meu clã. O corredor que levava da cela à câmara onde me mantinham “apresentável” era um colar de humilhações.
Servas me olhavam de lado, guardas sorriam com a boca e não com os olhos, e, vez ou outra, eu cruzava com ela, a mulher de negro e prata, a mesma que ele beijou sobre o sangue do meu povo. Passava por mim com um perfume frio e um sorriso pequeno, como quem guarda uma vitória no bolso.
Kaleb desfilava ao lado dela pelos salões, e era um cortejo de inverno, tudo morria na passagem. Às vezes ele fazia questão de me ver ao fundo, de cabeça erguida e mãos algemadas, como uma lembrança viva do que conquistou.
E quando a noite caía, vinha até mim, não para matar, mas para tentar domar. Havia algo de didático nessa crueldade, queria me ensinar meu novo lugar. Eu aprendi outra coisa.
Na prime