Selene
O balde no canto deu um clique de metal velho. A noite se moveu na fresta alta. A fortaleza, lá fora, devia estar satisfeita com seu novo Rei Lobo.
Aqui dentro, porém, eu contava os passos dos guardas, os turnos do sono, o ranger da fechadura, o momento em que a rotina abre brechas. Toda fortaleza tem uma sarda por onde a flecha entra.
— “Espera, Selene.” — Ash aconselhou — “E observa. O ódio apressado cega. O nosso precisa enxergar.”
— Eu vou esperar. — prometi — Mas não vou esquecer nenhum rosto.
O barulho de botas se aproximou de novo. O guarda mais novo abriu uma fresta, empurrou uma tigela com caldo ralo. O de pedra ficou um passo atrás, braços cruzados, desconfiado por profissão.
— Coma. — o rapaz falou, baixo, sem encarar.
— Qual é o seu nome? — perguntei.
Houve hesitação.
— Ninguém precisa de nome aqui dentro. — cortou o mais velho.
— Todos precisam. — rebati, olhando o mais novo — O seu?
Os olhos dele vibraram entre “medo” e “vontade”.
— Jonas. — disse, tão baixo quan