Capítulo 3
Bruna ficou rígida de repente, levantou a cabeça e olhou para Helder e Mário.

Helder o pegou no colo, com um olhar de ternura que Bruna nunca tinha visto antes.

Ao perceber o olhar de Bruna sobre si, Helder tremeu levemente enquanto segurava Mário, mas não teve outra reação.

Bruna, sentindo-se injustiçada, tinha os olhos cheios de lágrimas. Ele desviou o olhar, evitando encarar Bruna.

— Mário, você está sendo malcriado de novo, desça já. — Lurdes tentou puxá-lo para baixo, mas ele se agarrou com força ao pescoço de Helder.

— Não quero, eu gosto que o papai me pegue no colo, e o papai também gosta de me segurar. — Mário deu um estalinho na bochecha de Helder. — Estou com fome, quero comer bolo.

— Está bem, vamos comer bolo, Helder, vamos entrar. — Lurdes sorriu, seguindo atrás de Helder, e mesmo depois de dar dois passos, não se esqueceu de chamar Vanessa. — Srta. Vanessa, venha logo.

Vanessa se agachou, Bruna já estava com o rosto coberto de lágrimas, levantou o rostinho.

— Mamãe, são essas pessoas de quem o tio gosta?

Nesse instante, Vanessa já não conseguiu mais segurar a tristeza, abraçou Bruna e chorou junto com ela.

Aquela cena era cruel demais para Vanessa suportar, quanto mais para Bruna.

Vanessa não respondeu, mas Bruna já sabia a resposta.

— Mamãe, quero ir ver de novo. — Bruna enxugou as lágrimas com as costas da mão e segurou a mão de Vanessa por vontade própria. — Quero ver as pessoas de quem o tio gosta.

— Bruna, vamos para casa, pode ser? — Vanessa não queria que Bruna se machucasse de novo.

Bruna balançou a cabeça teimosamente. — Eu quero ir.

— Está bem.

Vanessa segurou sua mão e entrou com ela no salão de festas.

O salão estava cheio e animado, Helder e os outros dois eram o centro das atenções.

Vanessa sentou-se silenciosamente com Bruna em um canto. O olhar de Bruna permaneceu fixo em Helder.

O carinho e o cuidado que ele demonstrava por Mário eram tudo o que Bruna sempre desejou, mas nunca teve.

Ao ver Helder alimentando Mário com frutas, Bruna se levantou.

— Mamãe, o tio realmente gosta deles. O tio está tão feliz sorrindo... Vamos embora, não vamos mais incomodá-lo.

As palavras de Bruna atingiram o coração de Vanessa como uma rocha, causando-lhe uma dor sufocante.

— Então vamos para casa.

Bruna assentiu.

Vanessa segurou a mão de Bruna e caminhou em direção à porta.

— Srta. Vanessa, por favor, espere. — O secretário de Helder bloqueou o caminho delas. — O Sr. Helder disse que vai levar Bruna para passear, pediu para a senhora me entregar a Bruna.

Ele era o único na empresa que sabia da relação deles.

— O tio vai me levar para passear? — O olhar apagado de Bruna brilhou instantaneamente, ela procurou Helder entre as pessoas.

O secretário assentiu. — Sim, foi o que o Sr. Helder pediu.

Ao mesmo tempo, Helder enviou uma mensagem, dizendo que queria levar Bruna para ver os fogos de artifício.

Era a primeira vez.

Ele tomou a iniciativa de convidar Bruna para sair.

Vanessa ficou apreensiva, não queria deixá-la ir.

Mas, ao ver o olhar esperançoso de Bruna, não teve coragem de recusar.

— Bruna, cuide-se, se precisar de alguma coisa, ligue para a mamãe.

— Fique tranquila, mamãe. — Bruna estava animada por estar com Helder. — Vou me comportar para que o tio goste de mim.

— Está bem.

Vanessa fez um carinho em sua cabeça, sentindo uma amargura profunda no coração. Ainda desejava o amor de Helder.

Olhou uma última vez na direção de Helder, torcendo para que Bruna não se decepcionasse.

Vanessa foi embora sozinha e, assim que chegou em casa, recebeu uma ligação de Bruna.

— Mamãe, mamãe, o tio me deixou sozinha. — Bruna chorava desesperadamente, e o coração de Vanessa afundou. — Estou com medo...

— Bruna! Onde você está?

Bruna soluçou. — E-eu não sei.

— Não tenha medo, mamãe vai te encontrar agora mesmo. Não desligue, fique falando comigo, mamãe vai chegar rapidinho.

Vanessa rastreou o relógio de Bruna pelo celular e saiu apressada de carro para encontrá-la.

Quando Vanessa encontrou Bruna, ela estava sentada sozinha na calçada, coberta por uma camada grossa de neve, quase congelada.

Vanessa não conteve as lágrimas, sentiu as forças deixando seu corpo, e abraçou Bruna com todo o carinho.

— Bruna, não tenha medo, mamãe já chegou.

— Mamãe, estou com tanto medo, estou com frio. — Bruna se enfiou em seu abraço, chorando sem parar.

O corpo de Bruna estava fervendo, e ela já começou a ter febre alta antes mesmo de chegar ao hospital, murmurando sem parar.

— Tio, me desculpe, não devia ter te chamado de papai, não me abandone, não me abandone, por favor...

A mão de Vanessa tremeu e a dor em seu coração tirou-lhe o ar.

Só porque Bruna o chamou de papai uma vez, Helder teve coragem de deixá-la sozinha na rua.

Ela só tinha cinco anos!

— Não chore, Bruna. A mamãe vai estar sempre com você, nunca vai te abandonar.
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