Capítulo 2
Vanessa observou Bruna entrar no jardim de infância e, em seguida, dirigiu-se ao escritório de advocacia.

Ela tirou do bolso o acordo de divórcio redigido por Helder e perguntou ao advogado se era válido.

Helder, ao casar-se com ela, impôs condições: poderia pedir o divórcio a qualquer momento, e ela não teria o direito de recusar.

Esse acordo fora preparado antes do casamento, sem data assinalada, apenas com a assinatura de Helder.

Após confirmar que o acordo era válido, ela assinou seu nome e pediu ao advogado que cuidasse do processo de divórcio.

— Por gentileza, envie o certificado de divórcio diretamente para este endereço quando estiver pronto.

Vanessa deixou o endereço da mansão e se levantou para sair.

Sentiu o nariz arder e ergueu a cabeça para conter as lágrimas.

Ela amava Helder, após o casamento, também se esforçara e nutrira expectativas.

Mas após tantos momentos de frieza e indiferença, seu coração apaixonado foi, aos poucos, se tornando gélido.

Lurdes estava de volta, era seu momento de partir.

Por infeliz coincidência, ao terminar seus compromissos, Vanessa avistou novamente Helder e Lurdes no saguão do primeiro andar do shopping.

Lurdes era muito bonita, exalava uma beleza ousada e selvagem, estava de braços dados com Helder, sorrindo radiante como uma flor.

Helder segurava o filho dela com um braço, o olhar repleto de carinho.

Vanessa prendeu a respiração. Quantas vezes sonhara que Helder a levaria, junto com Bruna, para passear?

As lágrimas, teimosas, deslizaram por seu rosto enquanto ela os encarava, o coração dilacerado.

Com dificuldade, afastou-se.

Ao chegar em casa, preparou um currículo, anexou alguns de seus trabalhos e enviou para diversas empresas de País A nas quais tinha interesse.

Depois, imprimiu sua carta de demissão e levou-a diretamente à empresa.

Após se casar com Helder, este a transferira para longe dele.

Agora, era apenas uma funcionária comum do setor de secretariado.

O processo de desligamento era simples.

Após entregar suas tarefas, poderia sair a qualquer momento.

Voltando do departamento de RH para sua sala, começou a organizar seus pertences.

Logo, ouviu passos e palavras de bajulação vindo da porta.

Vanessa levantou os olhos e viu alguns diretores cercando Helder e Lurdes ao entrarem.

Lurdes havia trocado de roupa, diferente do visual ousado de antes, agora vestia-se de maneira profissional e elegante, imediatamente atraindo todos os olhares.

O braço de Helder estava levemente erguido, protegendo a cintura dela, o olhar fixo em Lurdes, sem desviar por um segundo sequer.

O coração de Vanessa foi atingido, ela olhou para Helder, mas ele permaneceu indiferente, obrigando-a a baixar os olhos.

No instante seguinte, já estavam diante dela.

— Vanessa, esta é a Srta. Lurdes, namorada do Sr. Helder. Ela irá assumir seu cargo. Você será transferida para o departamento de vendas. Faça a transição o mais rápido possível.

Namorada do Sr. Lopes?

Helder não negou.

Os olhos de Vanessa arderam, ela apertou o punho com força.

Helder parecia ansioso para devolver o cargo a Lurdes, sem se importar com os sentimentos dela ou de Bruna.

Vanessa olhou novamente para Helder.

— Helder...

Não terminou a frase, pois ele a interrompeu com um olhar gélido de advertência.

— Srta. Vanessa, qualquer insatisfação com a mudança de setor deve ser tratada com seu superior imediato. — Ele franziu o cenho, não querendo que ela mencionasse a relação entre eles. — Ela é mais adequada para essa posição do que você.

Vanessa entendeu que não se referia apenas ao trabalho.

Uma dor aguda tomou conta de seu peito, mas ela manteve a compostura. Ele realmente não se importava com ela.

— Está bem.

Vanessa assentiu e apertou a mão de Lurdes.

Helder, satisfeito, voltou a olhar para Lurdes, trocando a frieza do olhar por uma ternura evidente.

Aquele tipo de olhar, nem ela nem Bruna jamais haviam recebido.

A diferença entre amar e não amar era, afinal, tão clara.

Felizmente, ela já não esperava mais nada.

Naquela noite, a empresa organizou um evento de integração de última hora para comemorar a entrada de Lurdes. Vanessa já havia pedido demissão e não pretendia comparecer, mas Lurdes insistiu.

— Srta. Vanessa, você está chateada porque tomei seu lugar? Por isso não quer ir à minha festa de boas-vindas? Não quis tirar nada de ninguém, foi tudo decisão do Helder. É meu primeiro dia, gostaria muito de conversar mais com você. Não conheço quase ninguém aqui. Pode me acompanhar?

Vanessa percebeu o duplo sentido no olhar dela, sorriu levemente e negou com a cabeça.

— Você está enganada. Preciso buscar minha filha, desculpe.

— E seu marido? Ele pode buscá-la para você!

Marido?

— Não tenho marido.

Vanessa respondeu com indiferença, mas por dentro, sentia-se profundamente amargurada.

Helder jamais admitira ser seu marido, entre eles, sempre existira uma barreira.

Ter ou não ter dava na mesma.

— Desculpe, eu não sabia. — Lurdes se desculpou, mas não desistiu de convencê-la. — Que tal trazer sua filha também? Meu filho estará lá, eles podem brincar juntos.

— Melhor não, minha filha não gosta desse tipo de evento.

Enquanto falava, uma pequena figura correu em direção a Vanessa.

— Mamãe, hoje foi o tio quem me buscou na escola! — Bruna correu para os braços de Vanessa, a voz cheia de alegria. — Ele até me trouxe para te encontrar!

Vanessa ficou surpresa. Helder nem sabia em qual jardim de infância Bruna estudava, por que foi buscá-la de repente?

Ela levantou o olhar e viu Helder caminhando de longe, com um sorriso nos lábios, atento apenas a Lurdes, nem sequer lhe dirigindo um olhar de relance.

Lurdes estava visivelmente confusa.

— Helder, você conhece a filha da Srta. Vanessa?

— Quando fui buscar o Mário, a encontrei e a trouxe junto. Ela é filha de Vanessa, já veio algumas vezes à empresa. — Helder explicou, preocupado que Lurdes interpretasse mal a situação.

Ao mencionar Bruna e Vanessa, seu tom era frio e distante.

Como se fossem completos estranhos, temendo qualquer associação.

Bruna se preparava para chamá-lo.

Vanessa olhou para a filha e balançou discretamente a cabeça. Bruna baixou os olhos, entristecida.

— Entendi... Você ainda não sabe, mas essa menina não tem pai. Melhor não transferir a Srta. Mendes para o departamento de vendas, criar uma filha sozinha não é fácil.

Helder franziu levemente a testa, lançou um olhar para Vanessa e, em seguida, respondeu:

— Está bem, você decide.

Lurdes sorriu satisfeita e assentiu com doçura.

Os dois trocaram olhares, alheios a todos ao redor.

Bruna agarrou a roupa de Vanessa, escondendo o rosto em suas pernas.

— Mamãe, papai.

A voz de Mário interrompeu o momento.

Ele correu até Helder e o abraçou pela perna.

— Papai, me pega!
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