Quando Ela Voltou, Eu Entendi
Quando Ela Voltou, Eu Entendi
Por: Quentin Alfaro
Capítulo 1
Helder Lopes, após seis anos de casamento oculto, pegou a filha no colo pela primeira vez naquela noite e a levantou bem alto.

Bruna, com cinco anos, gargalhou de felicidade, acenando para Vanessa Mendes.

— Mamãe, o tio me fez voar!

Vanessa sentiu o coração apertado, forçando um sorriso ao ver pai e filha juntos.

Naquela noite, Helder estava embriagado, aparentemente sem saber o que estava fazendo.

Ele não amava Bruna, tampouco amava Vanessa.

A felicidade estampada no rosto dele era inteiramente por conta do retorno de Lurdes, a mulher que amava.

Seis anos antes, Helder vivia um romance intenso com Lurdes, mas ela partiu de repente. Ele sofreu um acidente enquanto tentava alcançá-la e perdeu os movimentos das pernas.

Vanessa era a assistente pessoal de Helder, sempre ao lado dele, suportando seus maus humores, incentivando-o, acompanhando-o na reabilitação.

No dia em que conseguiu voltar a andar, Helder bebeu demais de alegria e, confuso, tomou Vanessa por Lurdes, fazendo amor com ela repetidas vezes naquela noite.

Dessa vez, Vanessa engravidou e ele concordou em casar-se com ela.

Mais tarde, ela descobriu que Helder, além de não a amar, não se casara por responsabilidade.

Na verdade, ele aceitou o casamento apenas porque viu nas redes sociais o anúncio do namoro de Lurdes no exterior.

Depois do casamento, Helder tornou-se praticamente invisível em casa, jamais participando da vida dela ou da filha.

No dia do nascimento de Bruna, fez questão de viajar a trabalho para outra cidade.

Quando Bruna começou a balbuciar as primeiras palavras, ele mantinha o rosto sério, proibindo-a de chamá-lo de "papai".

Quando Bruna perdeu o controle do skate e o chamou de "papai" em desespero, ele apenas observou friamente enquanto a menina se machucava gravemente.

...

Mas, naquela noite, sob efeito do álcool, Helder olhava para Bruna com um afeto paterno inédito.

Depois de abraçar a filha, colocou Bruna de volta no sofá e olhou para ela sorrindo.

— Eu vou ser um bom pai.

— Uhum, Bruna acredita no papai.

Helder parecia não ouvir, com um sorriso cada vez mais largo. Ao se virar, pronunciou um nome:

— Mário.

Ele disse que seria um bom pai para Mário.

O coração de Vanessa gelou.

Mário era o filho de Lurdes.

Mas Bruna só ouvira a primeira frase e correu animada para junto da mãe.

— Mamãe, papai gosta de mim, não é? Eu posso chamá-lo de papai agora? Ele me abraçou e disse que vai ser um bom pai.

Seus olhos estavam cheios de esperança, aguardando por uma resposta afirmativa.

Ela desejava muito ser como as outras crianças, correr para o colo de Helder, chamá-lo de papai, fazer-lhe carinho.

Vanessa, com o coração apertado, agachou-se para abraçá-la, lágrimas marejando seus olhos.

Não quis destruir o sonho da filha, desviando-se da pergunta.

Não queria que Bruna soubesse que aquele momento de felicidade era por causa de outra mulher e do filho dela.

— Bruna, você quer ir embora com a mamãe? — Vanessa segurou as lágrimas, e Bruna ficou surpresa.

— Mamãe, por que precisamos ir embora? — O sorriso de Bruna se desfez, dando lugar à confusão e, em seguida, às lágrimas. — Nós somos uma família com o papai. Eu quero ficar com ele.

Vanessa enxugou as lágrimas da filha, a voz embargada.

— Porque a pessoa que ele realmente ama voltou. Está na hora de irmos.

— Mas... o papai gosta de mim...

A voz de Bruna foi diminuindo pouco a pouco.

No fundo, ela também sabia que Helder não a amava.

— Mamãe, podemos esperar até o meu aniversário? Vamos dar mais algumas chances ao papai. Talvez ele passe a gostar da gente. Se ele quiser ficar conosco, não precisaremos ir embora, pode ser?

Vanessa concordou, chorando.

— Está bem, as próximas chances serão decididas por você.

Mais algumas últimas chances.

Se ele continuasse decepcionando-as, elas deixariam para sempre o mundo dele.

— Uhum, obrigada, mamãe.

— Agora é hora de dormir.

Depois de colocar Bruna para dormir, Vanessa voltou para o próprio quarto.

O casamento com Helder era apenas uma formalidade, nem sequer mantinham as aparências.

Na manhã seguinte, Helder desceu as escadas após acordar.

Bruna estava tomando café da manhã e, ao vê-lo, largou o pão e correu em sua direção.

— Papai, você acordou!

Helder imediatamente fechou a expressão, perguntando em tom frio:

— O que você me chamou?

Bruna ficou paralisada, os braços estendidos no ar, assustada com a reação dele.

— Tio... — Corrigiu-se, baixando os braços, constrangida. — Desculpa, tio.

Vanessa conteve a tristeza e foi até a filha, pegando-a no colo.

— Vamos terminar o café, senão vamos nos atrasar para a escola.

Ela sabia que a atitude de Helder com elas não mudaria.

O descontrole da noite anterior foi apenas um reflexo da alegria pelo retorno de Lurdes e do excesso de álcool.

Helder, um pouco mais calmo, foi até a sala de jantar, tomou um gole de café e saiu sem se despedir.

— Tio, até logo.

Bruna, como de costume, despediu-se dele enquanto ele se afastava.

Mais uma vez, não recebeu resposta.

No caminho para a escola, Bruna permaneceu cabisbaixa e calada. Perto da entrada, olhou para Vanessa com lágrimas nos olhos.

— Mamãe, essa conta como uma chance, né? Vamos dar mais três chances para o tio!

Vanessa sentiu o coração apertar.

— Está bem, vamos fazer como a Bruna quiser.
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
capítulo anteriorpróximo capítulo
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App