“Existem noites em que somos apenas o molde onde alguém tenta encaixar o amor que sente por outra pessoa.”
Silvia passou boa parte do dia circulando pela casa como um fantasma impaciente, abrindo portas, gavetas, caixas e armários com uma fome que ela mesma desconhecia. Não queria admitir, mas procurava por algo — qualquer coisa — que explicasse o apego quase patético de Cássio por aquela mulher.
Algo que a ajudasse conquistá-lo de vez.
Uma foto.
Uma peça de roupa esquecida.
Uma lembrança caída em algum canto.
Mas não encontrou nada. Cada gaveta era um vazio. O banheiro tinha apenas seus próprios cosméticos — nenhum vestígio de outra presença.
O closet, impecável, metade masculino, metade vazio.
A sala… neutra. A cozinha… limpa.
Silvia franziu o cenho, desconcertada.
Ou Helena havia levado tudo quando foi embora… ou Cássio nunca permitiu que ela deixasse qualquer rastro ali.
O que, de um jeito distorcido, dizia mais do que qualquer lembrança poderia dizer.
Seja qual fosse a resposta,