"Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira." Cecília Meireles
Helena repousou a cabeça no peito dele, e Santiago a envolveu com os braços como se aquele gesto fosse tão natural quanto respirar. Uma das mãos dele deslizava devagar pelo braço dela — para cima, para baixo — num afago lento, constante, quase hipnótico. O ritmo era tranquilo, sem pressa, e transmitia uma paz antiga… como se aquele abraço fosse algo que tivessem praticado a vida inteira, mesmo que só existisse há poucos dias.
Havia um conforto ali. Um pertencimento suave, silencioso, perigoso.
E talvez fosse exatamente essa sensação — tão boa, tão plena — que fazia o medo latejar no peito de Helena. Ela já tinha acreditado demais no passado. Já tinha se enganado demais. A ideia de se entregar outra vez, de abrir o coração e sangrar, a apavorava mais do que qualquer outra coisa naquele momento.
Santiago sabia disso. Sentia isso. Ele percebeu a hesitação dela desde o primeiro dia. E, dentro dele,