“Alguns lugares são mais que terra: são camadas de quem fomos e de quem podemos ser.”
A mudança na paisagem aconteceu devagar, como se o mundo se abrisse passo a passo para ela. Primeiro, os prédios foram rareando; depois, deram lugar a casas pequenas, espaçadas, cada vez mais distantes umas das outras. E então, de repente, tudo se dissolveu numa imensidão verde que parecia não ter fim.
Helena encostou-se à janela, sentindo o vento brincar com os fios de cabelo que escapavam do lenço. O pano amarrado à nuca balançava suavemente; alguns fios soltos chicoteavam seu rosto de leve, provocando cócegas que a faziam sorrir sem perceber.
Santiago dividia sua atenção entre a estrada e ela — e perdia, sempre, para ela. Havia algo no jeito como ela observava tudo do lado de fora, tão entregue, tão maravilhada, que mexia com ele em lugares que não tinha coragem de confessar. O sorriso dela parecia carregado de luz, sem nenhum vestígio da tensão do dia anterior.
Alívio.
Não completo.
Nunca compl