"O ciúme é um monstro que se gera e se alimenta de si mesmo." William Shakespeare
Como prometido, assim que Cássio saiu, Silvia tornou a ligar para Márcio. Ele atendeu com o humor curto de quem já previa o tom da conversa.
— Está ligando pra desligar na minha cara de novo? — resmungou, seco.
Silvia inspirou fundo, tentando domar a impaciência.
— Eu preciso que você cuide dela.
Ela não mencionou o nome. Não precisava. Márcio já sabia. Tinha visto a cena ridícula de Cássio no parque — o espetáculo patético transmitido para a cidade inteira. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, Silvia tocaria no assunto.
— Pensei que tivéssemos combinado de esquecer isso. — disse ele, agora num tom mais denso, desconfiado.
— Eu até estava disposta a deixar pra lá… — Silvia respondeu, apertando o celular entre os dedos. — Mas parece que ela está disposta a morrer.
Silêncio momentâneo.
Depois, a voz de Márcio veio carregada de ironia amarga:
— Você sabe que foi ele quem foi atrás dela, não sabe?
A mandíbula