“Entre uma pincelada e outra, o destino adora meter um pincelzão no meio.”
Helena acordou com um sopro quente batendo em seu rosto. Piscou algumas vezes, tentando entender de onde vinha aquele bafo morno, e quando virou a cabeça, quase levou um susto: o rosto de Lívia estava colado ao dela, a amiga esparramada sobre sua cama como um polvo emotivo — um braço e uma perna jogados por cima do seu corpo. Mabe, por sua vez, ocupava seu outro lado, olhando-a curiosa.
Helena empurrou Livia com o cotovelo, rindo.
— Ei! Vai babar pra lá!
Lívia resmungou, ainda mergulhada no sono, e — como uma criança teimosa — voltou a abraçá-la, se enroscando toda de novo.
— O que agora? Tá carente? — provocou Helena.
— Não posso abraçar minha melhor amiga? — choramingou, a voz abafada pelo travesseiro.
— Pode… mas você precisa urgentemente arrumar um namorado. Quem sabe assim me deixa respirar um pouco.
— Ah, por favor. Eu estou te protegendo, esqueceu? — retrucou, dramática. — Sou oficialmente sua protetora