“Pior do que perder alguém, é perder a si mesmo.” Jerley Soares
Cássio piscou algumas vezes, tentando afastar o peso do sono. A visão estava turva, a cabeça latejava — como se tivesse acordado dentro de um corpo que não reconhecia.
Levantou o olhar, ainda confuso, e deu de cara com o quadro de Helena encostado na parede, exatamente onde o deixara na noite anterior.
A respiração dele travou.
O coração deu um salto breve — um reflexo, um eco, um engano cruel.
Sentiu o peso de um braço envolvendo sua cintura, quente e frouxo em torno dele, como tantas vezes havia sentido antes… quando era Helena quem dormia enroscada em suas costas, buscando-o mesmo nos dias em que mal se falavam.
Virou-se rápido, o nome escapando num sussurro desorientado:
— Helena?
Mas a imagem que encontrou não foi a que sua mente desesperada ainda tentava chamar de volta.
Era Silvia.
Dormindo tranquila ao lado dele.
No lugar dela.
Na cama que ele dividira por anos com a mulher que jurava amar.
Um suspiro baixo escapo