“A coisa nenhuma deveria ser dado um nome, pois há perigo de que esse nome a transforme.” Virginia Woolf
Na madrugada, de repente, Mabe ergueu a cabeça que estava apoiada nas pernas de Helena. As orelhas atentas, como se tivesse escutado algo.
A mudança sutil de postura foi suficiente para despertar a mulher.
— O que foi, menina? — murmurou, a voz arrastada de sono.
A cadela não latiu. Apenas pulou da cama e caminhou devagar até a sala.
Helena jogou, relutante, as pernas para fora da cama, se obrigou a levantar e segui-la. A pastora foi até a janela fechada e sentou-se, firme como uma sentinela. Olhava-a com os olhos concentrados, atentos a algo que Helena não conseguia ver.
— Não tem nada lá, bobinha — tentou brincar, embora um arrepio frio lhe subiu pela espinha.
A rua estava em silêncio, mas havia algo diferente nele. Não era barulho — era ausência. Ausência de som, de vento, de vida. Como se a noite inteira estivesse… ouvindo.
Mabe continuava alerta, mas não em posição de ataque —