"O silêncio da noite só é tranquilo para quem não sabe o que se esconde atrás dele."
Santiago estacionou duas quadras adiante. Vestiu um casaco de moletom escuro, colocou um boné até quase cobrir os olhos e pegou uma mochila no banco de trás. Não queria chamar atenção. Voltou a pé, atento ao movimento da rua — poucos carros, janelas fechadas, luzes acesas atrás de cortinas antigas. Quando parou diante do sobrado, respirou fundo.
Empurrou o portão de ferro com cuidado, mas o metal respondeu com um rangido agudo, como se protestasse por ser acordado depois de anos. A dobradiça cedeu, fazendo a parte inferior do portão descer torta e quase se soltar.
— Merda… — resmungou, levantando o portão com as duas mãos para conseguir fechá-lo outra vez.
O jardim da frente mal podia ser chamado de jardim. Pequenos canteiros, antes delimitados por pedras brancas, agora estavam cobertos por mato alto, terra rachada e umas três margaridas teimosas sobrevivendo entre o descuido. A garagem, logo ao lado,