“Nem toda imagem pode ser restaurada.”
Fragmento de um restaurador anônimo
No instante em que o carro da empresa estacionou na garagem, Cássio pulou do carro.
— Preciso resolver umas coisas. Te vejo mais tarde.
Sílvia o observou com doçura ensaiada, inclinando levemente a cabeça.
— Claro, amor.
Ele partiu apressado, os passos ecoando pelos corredores enquanto percebia burburinhos acompanhados de olhares estranhos e recriminatórios.
O coração batia num compasso anormal — não sabia se era ressaca ou nervosismo.
Ao abrir a porta do escritório, encontrou Renato à sua espera, de braços cruzados, o semblante grave.
— Finalmente! — disse o amigo, sem esconder a tensão. — Cara... o que aconteceu com você? Parece acabado.
Cássio jogou a pasta sobre a mesa.
— Longa história. Bebi demais e perdi o voo. Fala logo o que houve.
Renato hesitou.
— Acho melhor você se sentar primeiro.
— Vai direto ao ponto, Renato — respondeu, impaciente.
O amigo soltou um suspiro e pegou o tablet sobre a mesa.