"Às vezes, é no silêncio depois da queda que a alma encontra o pincel certo para se pintar de novo."
Helena estacionou seu Mini Cooper branco sob a sombra generosa das árvores. O motor ainda roncava baixinho quando percebeu algumas crianças brincando na rua quase deserta.
Uma delas parou, curiosa com o carro pequeno, e Helena sorriu, afagando o cabelo cacheado de outra que se aproximou risonha.
Sentiu, por um instante, o contágio daquela alegria leve que só a infância conhece — livre, ruidosa, inteira.
Ficou observando-as correr, até que o eco das risadas se misturou ao som distante do vento.
Então, de repente, um arrepio percorreu-lhe a nuca. A sensação incômoda de estar sendo observada. Virou-se devagar, varrendo a rua com o olhar, mas não havia ninguém — apenas o silêncio e o farfalhar preguiçoso das folhas. Sacudiu a cabeça, tentando espantar a impressão, e seguiu em frente.
Abriu o portão de ferro, e logo percebeu algumas caixas empilhadas ao lado da porta. Abaixou-se para verifi