Silvia despertou. A noite quase inteira tinha sido vivida em estado de sítio: medo, raiva e uma angústia silenciosa por não saber o que viria de Dante. E essa dúvida a consumia em silêncio. Quando a porta abriu, pensou que fosse algum dos capangas. Mas se enganou.
Dante estava parado no batente, vestido com seu terno preto e o colarinho da camisa pontiagudo emoldurando o rosto. Não disse nada. Apenas a observou. Por tempo demais.
Instintivamente, Silvia sentou na cama e recolheu as pernas junto ao peito, apoiando as costas na cabeceira. Abraçou a própria forma como um mecanismo de defesa — não só contra o homem, mas contra tudo que ele representava. Dante então entrou, sem pressa. Aproximou-se, sentou na lateral do colchão como quem assume território, e, com um gesto mínimo, deixou a mão caminhar. Primeiro pelo braço dela, depois descendo pela perna coberta pela camisola longa. Não era um toque apressado. Era um reconhecimento silencioso de posse.
Silvia sentiu a repulsa subindo à pel