O Egito, para os turistas, é um altar de luz.
Para os estudiosos, um relicário de mistérios.
Mas, para as sombras que rastejam nas frestas do mundo, o Egito é outra coisa:
um celeiro de espíritos antigos, um território onde o passado nunca dorme,
onde cada pedra conhece um segredo proibido,
e cada sarcófago guarda um sorriso que não deveria existir.
É também o lar perfeito para monstros que se disfarçam de homens.
E poucos monstros humanos foram tão discretamente vorazes quanto Bralhem.
Ele caminhava entre pirâmides e ruínas como qualquer trabalhador suado que o deserto molda. Mas sua verdadeira ocupação era outra:
colheita de carne.
Por anos — talvez décadas — Bralhem matou sem ser descoberto.
Não por falta de atenção das autoridades, mas por excesso de naturalidade dele.
Quando contava suas histórias, com a mesma leveza de quem narra piadas de taverna,
ninguém acreditava.
— Eu arrastei o homem dentro do camelo, viu? Ainda vivo… gritando…
E ele ria.
Ria como se descrevesse u