Ela…
A sala branca já não parecia tão hostil.
Continuava fria, minimalista e seca como o humor da terapeuta Marina, mas algo em mim começava a se acomodar naquela ausência de conforto.
Porque talvez fosse isso que eu precisava: ausência de enfeites.
Verdades cruas.
Do jeito que elas viessem.
— Diga o que sente — ela falou, enquanto ligava o gravador.
— Sem floreios. Sem rodeios. O que está te corroendo?
Cruzei as pernas e respirei fundo.
Meus dedos tremiam, mas eu já estava ali.
E se tinha algo que aprendi com Marina na última sessão era que fugir não resolvia nada.
— Eu carrego culpa — confessei.
— Uma culpa que não dorme, que não me larga. E por mais que eu tente seguir, ela me puxa pelos tornozelos todas as vezes que dou um passo.
Marina não reagiu.
Apenas anotou algo no caderno.
— Culpa por quê? Seja clara.
— Por ter perdido meu filho... por tê-lo colocado no mundo de forma tão cruel. Por não ter conse