Capítulo 156 O processo…

Ela…

“Coisas que a gente engole até sumir (ou quase)”

— Olha só quem voltou. Não achei que você fosse do tipo que cumpre promessas — A voz da terapeuta cortou o ar assim que entrei na sala.

Ela não sorriu.

Na verdade, a doutora Marina raramente sorria ao que parecia.

Mas seu humor mordaz era seu cartão de visitas.

E, de algum modo deturpado, aquilo me fazia voltar.

— Acho que sou masoquista — murmurei, me sentando no mesmo sofá da semana passada.

— Não. Você é só mais uma pessoa que vive negando a própria dor até ela te arrastar pelos cabelos. Mas bem-vinda. Pode começar onde parou: em lugar nenhum.

Ela cruzou as pernas, apoiou o cotovelo na poltrona e me lançou aquele olhar clínico que fuzila sem pressa.

Engoli em seco.

— Eu não sou boa com isso.

— Com o quê? Sentir? Ou admitir que sente?

A respiração me travou no peito.

Ela continuava com a mesma precisão de um cirurgião.

Cada frase era uma lâmina afiada.

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