Ela…
O galpão estava silencioso demais, como se o tempo tivesse parado ali.
A luz fraca tremeluzia no alto, lançando sombras tortas sobre as paredes frias.
Eu estava amarrada, os braços doendo e o coração tentando sair pela boca.
Eu não podia acreditar no que meus olhos viam diante de mim.
Clara.
A copeira.
A mulher calada da empresa, sempre solícita, sempre invisível.
Como eu nunca a percebi antes?
— Surpresa, senhorita Baker? — ela disse, sua voz carregada de ironia.
— Aposto que não esperava isso de mim. Ninguém nunca espera nada de uma copeira, não é mesmo?!
Ela me olhou com ironia.
— Sempre os invisíveis são os que menos despertam atenção. Irônico isso, não acha?!
— O que você está fazendo aqui? — minha voz saiu trêmula, mas firme.
— O que é tudo isso??? — questionei com raiva.
Ela sorriu.
Um sorriso sem vida, de alguém que havia deixado o mundo há muito tempo.
Aquilo deixou meu sinal