Os dias no hospital se transformaram em semanas. Cada curativo trocado, cada fisioterapia dolorosa, foi uma lição de humildade. Lorenzo estava recomeçando do nada. Sem poder, sem dinheiro, sem ninguém para segurar sua mão. Mas, pela primeira vez, ele estava disposto a escutar o silêncio.
A recuperação física foi lenta, mas constante. Já a emocional, essa exigia mais do que repouso. Exigia enfrentamento. A cada dia que se olhava no espelho, Lorenzo via um homem diferente — não mais o mafioso impiedoso, nem o amante inconsequente, mas alguém tentando, de verdade, se reconstruir.
Ao sair do hospital, evitou os antigos caminhos. Não voltou ao submundo. Cortou os laços que ainda restavam. Arrumou um emprego simples, como auxiliar de armazém, algo impensável para o homem que um dia controlou metade dos negócios ilícitos da cidade. E mesmo assim, era grato.
Passava suas noites em um apartamento modesto, com paredes sem decoração e janelas estreitas. Mas era limpo, silencioso. Pela primeira v