Heloisa Moura
Acordo com o som de vozes alteradas do lado de fora do quarto. Meu coração dispara, e um aperto na garganta me impede de respirar direito. Ainda estou fraca, mas forço meu corpo a se erguer na cama, ignorando a dor que percorre minhas costas.
O dia já amanheceu. A luz do sol atravessa a janela do hospital, e o cheiro forte de remédios me lembra que ainda estou ali.
Antes que eu possa me situar, a porta se abre com força, e meu pai entra no quarto, os olhos furiosos.
— Você não vai a lugar nenhum, Heloísa!
Vittorio está ao lado da cama, de braços cruzados, a expressão fria e tensa. Sei que ele está se segurando. Seu maxilar travado me diz que a paciência dele está no limite.
— Pai… — Minha voz sai fraca, mas ele me interrompe.
— Não, Heloísa! Você está frágil, vulnerável, e esse homem está se aproveitando disso!
Sinto um frio na barriga. Minha cabeça ainda pesa por conta dos remédios, mas a indignação começa a crescer dentro de mim.
— Não é verdade!
— Não é? —