Capítulo 129

Aurora Rossi

Nunca achei que voltaria.

Não porque o sentimento tivesse morrido — porque não morreu. Mas porque eu acreditava que algumas cicatrizes não podiam ser tocadas sem reabrir as feridas.

E então, eu vi o sol se pondo atrás da casa dos meus pais. E uma parte de mim, a mais calada e teimosa, sussurrou que talvez… só talvez… ainda houvesse algo a ser vivido.

Quando entrei na adega, não fui recebida com palavras.

Fui recebida com silêncio. E beleza. Com lembrança. Com amor.

As flores. A luz suave. O rótulo com meu nome. Tudo falava mais alto que qualquer promessa poderia dizer. E quando olhei pra ele, ali, sentado com os olhos cheios de espera, entendi o que significava ser verdadeiramente amada: ser lembrada em cada detalhe. Ser sentida mesmo na ausência.

Sentei à mesa.

Brindamos.

E, por um instante, o mundo pareceu calmo.

Mas havia mais. Muito mais.

O vinho encostou nos meus lábios como um segredo antigo reencontrando sua voz. Suave, maduro, intenso.

Como
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