Capítulo 2

Quando Andy chegou do trabalho, Kassandra estava arrumando o cabelo. Ele entrou no quarto, aproximou-se e disse, como se nada tivesse acontecido:

— Já está linda. 

Kassandra deu um sorrisinho sem jeito. Andy sentou-se atrás dela na cama e começou a apalpá-la, passando a mão pela perna e subindo para as coxas. Ela usava um vestidinho simples, de ficar em casa mesmo. O toque dele a incomodou profundamente. A mágoa que sentia não permitiria qualquer intimidade com ele, como sempre fora.

— Para, Andy. Estou ocupada! — ela disse, chateada.

Ele respondeu, apertando os sei.os dela:

— Se você não for dormir comigo hoje, não vou te levar para sair.

Kassandra começou a chorar de ódio, sentindo-se humilhada, mas não respondeu. Achou que, ficando quieta, ele sairia e ela não seria obrigada a fazer nada. Ele se afastou para tomar banho. Ela continuou a se arrumar, colocou um macacão, fez uma maquiagem forte. Ele começou a se arrumar também, e até pediu para ela passar uma calça para ele. Quando Kassandra estava pronta, ele estava na sala mexendo no celular. Ela se aproximou, parou na frente dele e disse, mexendo na bolsa:

— Estou pronta, vamos?

Ele sorriu, levantou-se e se aproximou devagar, deu um beijinho nela e disse, colocando-a de costas para ele e puxando-a pela cintura:

— Antes, quero fazer uma coisa com você.

Kassandra entendeu o recado e afastou-se, apreensiva:

— Andy, vamos logo, quero sair um pouco.

Ele respondeu, enrolando a mão no cabelo dela e puxando, fazendo-a ficar encostada nele:

— Vamos fazer um amorzinho antes, preciso me aliviar, vai. Faz dias que você não dorme comigo! Vai, Kassandra.

Ela afirmou que não estava a fim, mas ele insistiu e começou a beijá-la. Kassandra retribuiu o beijo, sugerindo que poderiam dormir juntos quando voltassem. Eles se beijaram, seguindo para o sofá. Andy a jogou com força e tentou abrir o macacão às pressas, estourando o zíper. Kassandra começou a negar, virando o rosto, enquanto ele insistia, quase a forçando a beijá-lo, determinado a deixá-la nua. Ela gritou:

— Para, eu sinto no.jo de você, não quero, Andy! Me larga!

 

Ele não gostou da reação. Deitado sobre ela no sofá, ele agarrou o cabelo dela, olhou-a nos olhos com ódio e disse:

— Agora sente nojo? Você nem faz nada direito. Vou atrás de mulher na rua, já que você não está sendo mulher suficiente para mim. Acho que nunca foi.

Kassandra olhou nos olhos dele e respondeu:

— Você vai se arrepender muito por isso!

Ele a soltou, foi para o quarto, bateu a porta e logo voltou, saindo da casa. Antes de partir, disse a ela:

— Não quero encontrar você mais aqui quando eu voltar. Pegue suas coisas e vá embora!

Kassandra via em Andy um homem completamente diferente daquele por quem se apaixonara. Ele nunca fora muito meloso, mas era gentil e, à sua maneira, demonstrava gostar dela. De repente, tudo mudou, e ela não conseguia entender o porquê. Arrasada, arrumou suas malas, mas não tinha para onde ir. Decidiu ir para o quarto de empregada ao lado da lavanderia, levando suas coisas para lá a fim de evitá-lo. 

Ouviu Andy chegando de manhã. Dormiu no quartinho, e, de manhã, levantou-se para comprar pão, enquanto ele dormia até tarde. Quando ele se levantou, não falou com ela e saiu novamente. À noite, quando ele chegou, Kassandra o chamou para conversar. Sentaram-se na sala, e ela começou a falar enquanto ele mexia no celular:

— Andy, eu não tenho para onde ir, não tenho experiência alguma, e você sabe disso. Não quero mais brigar, tá bom? A gente já devia ter terminado antes. Você me traiu e isso é uma coisa que não vou conseguir passar por cima.

Ele respondeu que a traição era culpa dela.

— Como você tem coragem de me tratar assim, Andy? — ela perguntou. 

— A gente está junto há anos, o que eu te fiz para você me odiar tanto?

Ele não respondeu. Levantou-se, foi para a cozinha, passou pela sala e disse com frieza:

— Fique o tempo que precisar, mas você vai cuidar da casa para mim. Vou dispensar a faxineira e você vai fazer o trabalho dela em troca de ficar aqui. É o mínimo, já que você não faz bosta nenhuma da vida.

Kassandra começou a chorar e pediu a Andy que lhe desse pelo menos a metade do dinheiro que havia dado como entrada no apartamento, para que pudesse se virar. Ele respondeu que ela não sabia fazer nada sozinha, que gastaria tudo. Ao mesmo tempo em que a humilhava, ele tentava fazer parecer que não agia com más intenções.

— Ficarei pouco tempo, até conseguir um emprego — ela disse.

Ele retrucou que, nesse caso, ela ficaria muito tempo, já que nunca gostou de trabalhar.

— Então você está saindo e fazendo o que quer, com certeza ficando com outras, e eu aqui como a trouxa? — ela questionou. 

— Quando vamos terminar oficialmente para todos saberem?

Ele respondeu com ironia:

— Quando eu quiser, ainda não é hora. 

Andy também a alertou que não era para ela sair ou encontrar ninguém, e que se soubesse que ela estava conversando com algum homem, ele a jogaria na rua, sem nada.

Kassandra sentiu-se péssima, desejando desaparecer. Começou a ficar descuidada e triste. Às vezes, pensava que um dia acordaria, abriria os olhos e tudo estaria como antes, normal. Não conseguia entender por que ele a tratava daquela forma. Os dias foram passando, Andy levava vida de solteiro e, quando os pais dele iam à casa, Kassandra tinha que fingir que estava tudo bem. Ele vivia a ameaçando, dizendo que se a família dele soubesse da verdade, ela se daria mal. Ele começou a inventar que ela não se sentia bem para receber visitas, disse que ela estava depressiva, tomando remédios e que só dormia o dia inteiro, enquanto a casa ficava suja e ele sem comida. 

Quando os amigos deles mandavam mensagem, ele a instruía a ignorar ou então deixá-lo responder, porque todos estavam o vendo com outras mulheres e, com certeza, logo contariam a ela. Se ela soubesse, teria que tomar um rumo, sair dali. Às vezes, algumas colegas mandavam mensagem perguntando se ela estava bem, mas Kassandra apenas ignorava. 

Quando os pais de Andy foram visitá-los, Kassandra ouviu o dia inteiro como estava feia, relaxada, com o cabelo desarrumado, as unhas sem fazer. Ele a fez faxinar a casa toda, mesmo ela tendo limpado bem no dia anterior. Com medo da visita, ela fez tudo. Pensou em pedir ajuda, mas era o filho deles, e se algo desse errado, ela estaria na rua sem um centavo. Eles foram em horário marcado, e Kassandra teve que dizer à sogra que não estava bem para sair, que talvez fosse síndrome do pânico. Essa era a justificativa para ela não ir à casa da sogra há tanto tempo. 

Eles acreditaram em tudo. Assim que saíram, Andy disse que só faltava ela "dar para ele" para completar o seu "show, o teatro". Kassandra respondeu que só fingindo mesmo para parecer ter prazer com ele. Ela estava tirando a mesa quando ele jogou uma assadeira com comida no chão, mandando-a limpar para ela ver como era bom.

A rotina de Kassandra era limpar a casa, cozinhar e mandar muitos currículos por e-mail, mas sem experiência e sem ensino superior, as portas pareciam estar sempre fechadas para ela. Ela dormia e ficava no quarto da empregada no período em que Andy estava em casa para evitá-lo. Eles quase nunca conversavam; ele pedia favores, exigia que ela passasse as roupas mesmo estando no cabide, só dizia o que queria comer e criticava quase sempre tudo o que ela cozinhava. Kassandra apenas ouvia calada e ficava olhando ele sair. Sentia um alívio ao vê-lo indo para qualquer lugar. 

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