Capítulo 11
Vincent saiu da reunião de família em Chicago afrouxando a gravata. Três dias seguidos de negociações sobre uma rota de contrabando de armas finalmente haviam terminado. O território da família Torrino agora era dele.

Ligou o celular, que estivera desligado pelas últimas setenta e duas horas.

Incontáveis mensagens não lidas inundaram a tela. Noventa e nove de Isabella, e uma de Sophia.

O polegar de Vincent se moveu sozinho, tocando na mensagem de Sophia.

[Transferência recebida: US$ 873.000]

[Nota: Quitação por despesas médicas, hospedagem e afins.]

Nada mais.

Vincent franziu a testa. Chegou a rir, um som seco e sem humor, puro desabafo. Seus dedos longos digitaram uma resposta.

[Você acha que eu preciso do seu dinheiro? A gente realmente precisa acertar as contas assim?]

Ele enviou a mensagem e ficou encarando a tela por dez minutos.

Normalmente, Sophia respondia no segundo em que ele mandava algo, às vezes só pra responder com um sinal de pontuação provocador.

Dessa vez, a janela de conversa permaneceu absolutamente muda.

Vincent discou o número dela.

— Desculpe, o número que você ligou não está disponível...

Uma voz estéril e automatizada atendeu.

Vincent congelou. O celular dela estava desligado?

A imagem de Sophia dormindo surgiu em sua mente: os cílios curvados projetando sombras nas bochechas, os lábios vermelhos levemente entreabertos enquanto ela se aninhava mais fundo em seus braços.

Um sorriso discreto tocou seus lábios com a lembrança.

Tocou na foto de perfil dela, que era de um gato persa orgulhoso e altivo, os olhos azuis encarando o mundo de cima. Igualzinha a ela.

Seu dedo deslizou pela tela antes que ele enviasse uma última mensagem:

[Chego em Nova York amanhã à noite. Me espera no campo de pouso.]

Ainda assim, nada.

Vincent largou o celular e ligou para seu braço direito, Marco.

— Qual é o status do item que mandei você rastrear?

— Chefe, confirmado. O colar de pérolas vai estar no leilão da Sotheby's hoje à noite. É o que pertencia à falecida mãe da Srta. Sophia. Sem sombra de dúvida.

— Prepare o carro.

Uma hora depois, Vincent chegou ao leilão da Sothebys em Manhattan. Usava um terno escuro sob medida, o olhar frio e distante por trás dos óculos de aro dourado, enquanto ignorava com indiferença as investidas de várias socialites.

Quando o colar de pérolas foi levado ao palco, um burburinho percorreu o salão.

— Lance inicial: dez milhões de dólares!

— Onze milhões!

— Quinze milhões!

O preço disparava, mas Vincent sequer se mexeu.

Só quando os lances chegaram a trinta milhões, ele levantou a mão lentamente.

— Cinquenta milhões.

A sala inteira silenciou.

No submundo, ninguém ousava competir com o herdeiro da família Marcelli.

O colar foi vendido por uma quantia astronômica.

No caminho de volta, Marco não conseguiu mais se segurar.

— Chefe, acho que a Srta. Sophia ainda guarda rancor por você não ter emprestado o dinheiro pra ela comprar o colar da outra vez... Se ela soubesse que o senhor fez tudo isso pra encontrar o verdadeiro e ainda pagou uma fortuna, ia ficar comovida de verdade.

Vincent acariciou a caixa de veludo do colar, a imagem do rosto brilhante e desafiador de Sophia surgindo em sua mente.

— Será?

— Claro! — Disse Marco, empolgado. — A Srta. Sophia é transparente. Tudo o que sente tá ali, na cara dela. Ela pode ser teimosa, mas tem um coração bom. Lembra quando aquele novato lá no complexo derrubou vinho tinto na pintura nova dela? Qualquer outra pessoa teria arrancado a cabeça do cara, mas ela só falou: “Tá tudo bem, nem gostava tanto assim dela mesmo”...

As palavras de Marco foram se apagando conforme a temperatura no carro parecia despencar.

No retrovisor, a expressão de Vincent estava assustadoramente sombria.

Marco fechou a boca na hora.

— Desculpa, chefe. Falei demais.

— Você gosta dela? — A voz de Vincent era puro gelo.

As mãos de Marco tremeram no volante, e o carro quase bateu na mureta da estrada.

— Eu...

— A verdade.

Marco respirou fundo.

— Quem não se sentiria atraído por alguém como a Srta. Sophia? Mas pode ficar tranquilo, chefe. Sei que ela só tem olhos pro senhor...

Forçou um sorriso amargo.

— Então só... admiro de longe. Jamais ultrapassaria o limite.

A expressão de Vincent suavizou quase imperceptivelmente.

Mas então Marco tomou coragem de novo.

— Mas chefe... espero que possa tratar ela melhor.

— ...

— Não dá pra proteger a Srta. Isabella num momento e ser carinhoso com a Srta. Sophia no outro. Ela merece um amor que seja tudo ou nada.

— Proteger Isabella num momento e ser carinhoso com Sophia no outro? — Vincent semicerrava os olhos. — O que você tá insinuando?

Já que tinha começado, Marco resolveu ir até o fim.

— O que parece mesmo! Chefe, sempre quis perguntar... quem o senhor ama de verdade? A Srta. Isabella ou a Srta. Sophia?
Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP