Aos olhos do mundo, eu era a Sra. Ward, a rainha intocável ao lado de Elias Ward, o temido rei da máfia de Nova York. No entanto, no fundo, eu sempre soube que meu marido jamais me amara. O coração dele, desde o início, pertencia a Harper Dinah: a esposa do sobrinho. E, quando esse sobrinho convenientemente morreu, Elias não hesitou em levá-la para dentro da nossa mansão. — Só quero cuidar melhor dela. — Foi o que havia dito. Mas, para Elias, "cuidar" significava expulsar um homem de uma festa apenas por flertar com Harper... e, depois, engravidá-la ele mesmo. Ele gostava de me elogiar em público, como se eu fosse a esposa ideal. E, de fato, eu tinha sido a mulher que ajudou a construir todo o império. Fui quem sorriu, quem fingiu estar bem só para fazer o cassino brilhar, enquanto ele escondia Harper como se ela fosse um tesouro sagrado. Por causa de tantos elogios, um de seus inimigos acabou colocando os olhos em mim. Como consequência, fui sequestrada, e eles enviaram a Elias uma mensagem encharcada de sangue e ameaças: "Afaste-se e saia de Nova York… Ou sua bela esposa morrerá." Mesmo diante disso, é claro que Elias não recuou. — Apenas espere. — Disse ele ao celular. — Eles não vão te machucar, Noa. Afinal, você é uma moeda de troca. Aguente firme até Harper dar à luz, e então eu vou te buscar. Durante oito meses, permaneci encarcerada em um buraco imundo, onde fui mantida faminta, espancada e humilhada. Para piorar, o líder da gangue me estuprava sempre que queria. Ainda assim, Elias nunca apareceu. Logo, consegui escapar numa noite em que todos estavam bêbados e, ao voltar para casa, encontrei meus gêmeos dormindo no quarto da empregada, alimentando-se de restos, enquanto Elias estava ocupado demais dando uma festa para celebrar o recém-nascido. Sem confrontá-lo, apenas arrumei minhas coisas, peguei meus bebês e desapareci.
Ler mais(Ponto de Vista de Noa)Por fim, a voz de Elias cortou o silêncio do cômodo:— Chega.Então, os guardas recuaram.Harper soluçava, e embora sua voz saísse fraca, suas palavras ainda ecoavam com nitidez.— Por favor, Elias… Seu sobrinho morreu. Eu fiquei sozinha, e você disse que cuidaria de mim. Como foi capaz de fazer isso comigo?A resposta dele veio como um rugido:— Como eu fui capaz de fazer isso contigo? E o que caralho você fez com a Noa? Com os meus filhos? Sua vadia psicótica!Entre lágrimas, Harper soltou um riso amargo, carregado de descontrole e dor.— Eu fiz o que era preciso! Acha mesmo que eu teria sobrevivido na casa dos Ward sem fazer aquilo? Você teria ao menos notado minha existência, de outro modo?— Eu não te protegi? Não prometi o cassino dos Ward? Por que simplesmente não conseguiu deixar minha Noa e os gêmeos em paz?— Você tenta parecer no controle, como se mandasse em tudo, mas eu sabia… E qualquer pessoa minimamente lúcida também, que sem a Noa você não passa
(Ponto de Vista de Noa)Quando o casamento de Elias chegou ao fim, eu já estava bem longe.José, meu irmão, havia me escoltado pessoalmente, junto com os gêmeos, de volta para casa.E naquele momento, estávamos oficialmente de volta à família Bennet.Passei minha infância na costa, em uma casa vibrante e cheia de vida em Los Angeles, e foi por isso que, desde cedo, compreendi que Nova York jamais seria um lar definitivo. Ainda assim, permaneci ali por Elias, tentando construir algo ao seu lado e me estabelecendo por ele.Mas meu lugar sempre foi aqui, perto do mar e da minha família.Desde a decisão de me afastar daquele homem egoísta e arrogante, planejei uma saída bem estruturada.Afinal, Elias era o tipo de pessoa que jamais me permitiria partir. Mesmo sabendo o quão errado era me manter sob o mesmo teto que Harper e como isso me destruía, ele me manteria presa.Por isso, precisava de uma fuga limpa, definitiva.O mais irônico foi que aqueles bandidos no shopping acabaram me oferece
(Ponto de Vista de Elias)— Elias... — A voz de Harper tremeu quando ela segurou meu braço, tentando me impedir. — Você não pode simplesmente ir embora. Este é o nosso casamento.As palavras soaram familiares, como um eco antigo, que eu já as ouvira tantas vezes.— Você disse que cuidaria de mim.— Estava ciente da minha dor.— E prometeu que me daria uma criança... Uma criança com o sobrenome Ward.E, por fim:— Por favor, só diga para todos que realmente estamos nos casando... Não quero que chamem Lila de bastarda."Será que eu havia dado demais a Harper?Talvez."Contudo, desta vez, suas palavras não surtiram efeito.Nada mais importava naquele momento. O único pensamento que me consumia era encontrar Noa e os meus filhos. Mesmo que tudo já estivesse perdido, mesmo que só restassem corpos, eu precisava trazê-los de volta... Precisava levá-los para casa.— Me solta, Harper. — Afastei-a e desci do altar.No entanto, ela se agarrou com mais força.— Elias, não vou permitir que você sai
(Ponto de Vista de Elias)Hoje seria o dia em que eu me casaria com Harper.Desde a morte do meu sobrinho, me dediquei a cuidar dela, protegê-la e mantê-la em segurança.Como ela sempre dizia que seu maior sonho era ter um bebê Ward, cumpri minha promessa e lhe dei a filha que tanto desejava.Contudo, na minha mente, não acreditava que estivesse agindo de forma incorreta. Afinal, apenas atendia a um pedido dela e cumpria uma obrigação. Logo após o nascimento de Lila, Harper começou a insistir em casamento.Decerto, não desejava que a filha fosse vista como ilegítima.E eu concordei. Mais uma vez, era tudo em virtude do juramento de protegê-la. Tudo naquele dia parecia perfeito. A igreja transbordava de convidados, enquanto a música suave criava uma atmosfera quase mágica. Harper, vestida de branco com o modelo que eu havia escolhido, irradiava alegria enquanto cruzava o corredor como se estivesse imersa em um sonho.Sem dúvida, tudo estava conforme ela desejava. Impecável.No altar,
(Ponto de Vista de Noa)A princípio, tudo pareceu apenas uma tentativa de intimidação. Mas então, um deles estreitou os olhos, e o reconhecimento veio quase que instantaneamente.— Ei... Você é aquele cara do cassino que sempre aparece na TV, não é?E, de repente, tudo mudou.— Pelo jeito, uns trocados não vão mais bastar. — Zombou o líder. — Agora que sabemos que você tem grana, que é rico, vamos descobrir o quanto é generoso de verdade.Elias enrijeceu.— Não estamos com muito dinheiro em mãos. — Respondeu com cuidado. — Que tal eu ligar para meu assistente? Ele trará o valor.Então ele apontou para mim.— Minha esposa pode ficar com vocês enquanto eu busco o dinheiro.Senti o sangue gelar, já que ele havia apontado para mim.Diante da situação, o líder da gangue soltou uma risada baixa e desprezível.— Sua esposa? — Ele me analisou dos pés à cabeça como se eu fosse uma fruta machucada numa banca. — Está brincando, não é? Vestida assim? Parece mais uma vadia que você achou na rua.El
(Ponto de Vista de Noa)Peguei os dois nos braços e os levei de volta para a casa de hóspedes, ordenando ao mordomo que chamasse um médico, que chegou rapidamente.— A condição da menina é delicada, mas ainda assim administrável. Já o menino, infelizmente, está em situação mais grave. Ele apresenta desnutrição e sinais claros de trauma emocional. Por isso, recomendo que passe mais tempo com ele. O que ele mais precisa agora é de estabilidade… E, acima de tudo, de amor.Assenti em silêncio.Mais tarde, com Tessa adormecida e Milo encolhido ao seu lado, e já sem a presença do médico, fiquei sentada sob a luz fraca, tentando recompor cada parte do pesadelo pelo qual eles haviam passado. Afinal, pelas confissões sussurradas de Tessa, descobri toda a verdade. Naquele mesmo dia em que Harper se mudou para o quarto principal, meus filhos perderam o único mundo seguro que conheciam: foram expulsos dos próprios quartos, trancados no porão e alimentados apenas com restos. Além disso, passaram a
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