Ive arrumou os travesseiros na cama e fez com que Antônio se encostasse. Ficou com o rosto colado ao dele narrando o filme.
— Agora está tudo azul... um azul bonito, sabe? Como o ar antes da chuva.
— Não sei como fica o ar antes da chuva.
Ive respirou fundo olhou em volta.
— Fica igual esse quarto, calmo e bonito.
Antônio pensou que então ele gostava muito do ar antes da chuva. Mas só concordou.
— Entendi.
— O homem do filme está num lugar que parece o céu, mas não é. É mais colorido. As flores têm cor demais, como se alguém tivesse pintado com pressa. Ele anda e tudo o que ele toca ganha vida...
— E o que ele quer?
— A mulher dele. Ela morreu, mas não foi pro mesmo lugar. Ele precisa atravessar tudo isso pra achar ela de novo.
Antônio continuou quieto, pensou na mãe, não queria ficar longe de Mayana.
Mesmo quando morressem ele queria estar com ela.
— O céu dele é feito com as lembranças. Cada cor é uma. Eu também tenho uma cor que eu amo. Espera!
Ive correu até o armário, pegou uma c