Connan, de pé diante de um trono que já fora palco de crueldade, olhava o salão lotado. Soldados e criados, antigos aliados de Smaill, mulheres do harém, lobos e lobas de olhos curiosos, todos em silêncio.
Ao lado do novo rei, a velha bruxa apoiava-se em um cajado retorcido. Olhava Connan com algo como orgulho, como se finalmente visse um novo tempo nascer. O rapaz, ainda com as marcas da guerra nos braços, fitava a multidão com um olhar forte e decidido. Ele era jovem, mas ali, cercado pelos ecos do passado, parecia ter milênios nos ombros.
Quando o círculo se fechou ao seu redor e o silêncio ficou quase sagrado, a bruxa ergueu a voz rouca, proclamando o nome do herdeiro:
— Diante dos olhos de Obsidian e dos deuses antigos, coroo Connan, filho de Yelena e sangue da linhagem do Norte, legítimo rei deste reino!
Um murmúrio atravessou o salão, depois gritos, alguns uivos de saudação. A bruxa colocou na cabeça dele a coroa pesada de prata escurecida, ornada de pedras opacas. Por um momen