Dez anos tinham passado como um sopro.
A Dentes de Prata estava diferente, maior, mais viva, marcada por reconstruções, novas casas, jardins mais amplos e um cheiro constante de lar. A alcateia crescera em número e em força, mas também em algo mais raro: estabilidade. A guerra ficara no passado como uma cicatriz antiga, ainda visível, mas que já não doía ao toque. Todos se lembraram de Smaill, da dor que ele causou, mas também sabiam que agora ele não passava de um nome que ficou no passado.
Naquela manhã, no entanto, havia um tipo especial de agitação no ar.
Bandeiras prateadas e azuis pendiam das varandas, fitas cruzavam os corredores da mansão, flores cobriam o jardim principal como se a própria terra quisesse celebrar. Risadas ecoavam, passos apressados cruzavam o pátio, e o cheiro de comida fresca se espalhava desde cedo.
Era o aniversário de dezenove anos de Apprys.
Melia subia as escadas da mansão com passos tranquilos, uma mão apoiada de leve na barriga já arredondada. A gravi