O sol da manhã refletia sobre os vidros do carro de Fernando enquanto ele acelerava pela estrada em direção ao estaleiro. As mãos firmes no volante denunciavam a fúria que ele tentava esconder, mas o maxilar travado e os olhos escuros faiscando no retrovisor mostravam que a batalha interna ainda estava longe de terminar.
Bianca, por sua vez, vinha alguns minutos atrás, acomodada no banco traseiro do carro dirigido pelo motorista da família. Não queria dividir o mesmo espaço com o marido depois da discussão amarga. O silêncio, para ela, era quase um refúgio — embora não fosse suficiente para calar os pensamentos que a corroíam. Sentia-se ferida pela descrença de Fernando, sufocada pela desconfiança que parecia crescer a cada palavra dita.
“Será que um dia voltaremos a ser quem fomos?”, pensava, o coração apertado. “Ou estamos condenados a viver nesse ciclo de desejo e mágoa, nos consumindo pouco a pouco?”
Enquanto os dois travavam suas guerras íntimas em carros diferentes, no est