— É aceitar calada quando desconta em mim suas frustrações? É engolir humilhações como se fosse parte do meu trabalho?
Ela deu um passo à frente, desafiadora, o olhar intenso, sem recuar nem por um segundo.
— Se pensa que ser forte é se submeter ao seu temperamento explosivo, está muito enganado. Não sou fraca... e muito menos covarde. Apenas não aceito ser o alvo do seu descontrole emocional.
Heitor soltou um sorriso sarcástico, aquele meio sorriso torto que irritava e confundia Laura. Deu um passo em sua direção. Depois outro. Até que estavam tão próximos que ela pôde sentir o calor de sua respiração e o perfume amadeirado que sempre a perturbava, por mais que tentasse negar.
— Então é isso que você chama de humilhação? — murmurou ele, com a voz baixa e carregada de ironia. — Achar ruim porque mandei você fechar uma porta ou levantei o tom de voz?
Ele riu, sem humor, o olhar preso ao dela, penetrante.
— Se acha que isso é ser humilhada, Laura... então você nunca foi humilhada