A garganta queimava, como se cada palavra arranhasse por dentro.
Heitor apertou os olhos com força, tentando conter o turbilhão que o consumia.
Ele não era fruto de um amor. Era resultado de uma noite suja, regada a drogas, bebida e o corpo alugado de uma prostituta. A esposa daquele homem jamais aceitaria um bastardo sob o mesmo teto. Então ele cresceu sem pai, sem nome, sem história... jogado à própria sorte num orfanato onde aprendeu que ninguém se importa.
Até o dia em que ela morreu.
Foi só então que aquele homem apareceu. O mesmo que lhe deu o sobrenome. Que o tirou da miséria e o levou pra casa. Heitor acreditou que, finalmente, a vida estava lhe dando uma chance. Viu nele um herói. Um pai. Sua tábua de salvação.
E como todo menino carente de afeto, o amou cegamente.
Mas o destino — ou a perversidade — tinha planos cruéis. Porque aquele homem que o abraçou como filho, anos depois, roubou a única coisa que ele amou com a mesma intensidade.
A mulher que fez Heitor a